A moda disco abraçada pelo TXT e BTS.
- Central TXT Brasil
- 10 de nov. de 2020
- 4 min de leitura
Em um artigo para a Weverse Magazine, o crítico de música Seongdeok Seo fala sobre a moda disco lançada pelos grupos da Big Hit, e como essa moda traz um novo significado para o estilo disco nos tempos atuais.
Confira a tradução:
A cultura pop coreana, em alguns casos, esgota certos gêneros musicais apenas no nível superficial - por meio da moda e dos gestos. Heavy metal e disco são as maiores vítimas. Mas há uma diferença. O heavy metal tem lutado para encontrar um ponto de apoio, muitas vezes se tornando alvo de ridículo pela mídia. O K-POP disco, por outro lado, é um estilo que sempre aparece na hora certa. Na maioria dos casos, “retro” como slogan lidera o movimento e o disco dá mais detalhes aos detalhes. No entanto, à medida que esse legado dos anos 1970 a 1990 é invocado e refeito várias vezes, chamá-lo de “retro” parece estranho agora. Se o disco fracassar agora, é devido à incapacidade de detectar essa estranheza.
Coincidentemente, quando “retro” por si só não é suficiente para pintar o quadro completo, o K-POP se tornou uma grande corrente na indústria musical global - uma razão pela qual podemos ver o disco do Big Hit Entertainment (ou “Big Hit”) em "Dynamite" do BTS até "Blue Hour" de TOMORROW X TOGETHER em um contexto ligeiramente diferente.
Se a história do disco se resume em alguns marcos, que vão de Saturday Night Fever a "Disco Demolition Night", o gênero parece ter, após o sucesso popular, passado por estágios de autoduplicação; às vezes odiado por grupos específicos ao longo do caminho, então encontrando seu último final. Para os pioneiros do gênero, a disco é um hino à diversidade e aos direitos das minorias e um meio de resistência. No início dos anos 1970, os DJs misturavam funk americano, groove latino e música eletrônica europeia, enquanto inundavam a pista de dança com a mensagem pedindo amor um pelo outro. O palco de dança já não era só para casais, mas sim um espaço onde centenas de pessoas se divertiam juntas.
Quando o disco capturou valores que transcendem gênero, raça e classe no que inicialmente pareciam faixas de dança inofensivas, "Disco Demolition Night" acabou sendo um evento simbólico que talvez fosse o destino, um ex-DJ de rádio de rock liderando uma incursão em massa de álbuns disco em um estádio de beisebol. A cena do clube sobreviveu depois da discoteca; ainda assim, a tarefa de lançar luz sobre as oportunidades que a disco oferece aos artistas negros, latinos, italianos, mulheres e gays cabia a quem estava fora dos clubes.
Não é por acaso que em meio aos problemas de ódio e resistência contra diversas identidades próprias, as pessoas não estão apenas esperando pelo retorno do disco, mas exigindo-o como uma necessidade. Em tempos de conflito explosivo de raça e classe, a discoteca não é “retro”, mas contínua. E se para a música pop, sucesso nos EUA significa sucesso no mercado global, o caminho para o sucesso era muito estreito para boy bands asiáticas. A boy band K-POP é um contraste gritante com a masculinidade típica que a cultura americana procura. Mas o BTS ampliou o caminho e sua importância é mais profunda do que adicionar uma opção extra - neste caso, asiática - ao espectro da diversidade. Em um país com preconceito e discriminação contra boy bands, minorias e masculinidade alternativa, o primeiro single em inglês do BTS, “Dynamite”, sendo produzido como disco, é muito significativo tanto da história da música pop dos EUA quanto do contexto social - especialmente quando a música retrata a alegria da vibrante vida diária nos dias de hoje.
“Blue Hour” de TOMORROW X TOGETHER utiliza disco para representar o novo conceito da boy band; a música canta sobre um momento especial de felicidade em um mundo que pode ser real ou imaginário. Esta música ganha um novo contexto, considerando que as outras músicas, "We Lost the Summer" ou "Way Home" também incluídas no "minisode: Blue Hour" refletem as mudanças no cotidiano dos adolescentes devido ao COVID-19. Disco toca quando um adolescente roubado de seu passeio normal na rua pelo COVID-19, canta sobre sua felicidade passageira. É uma variação do disco nas mãos de uma boy band, e a resposta de por que o disco pode ser outra forma de festival de música nesta era.
É correto interpretar a positividade do BTS e o frescor de TOMORROW X TOGETHER como um contrapeso para, em parte, características explícitas da música pop americana. Mas se isso é tudo, então isso significaria que a integridade sem quaisquer preocupações de "aviso de conteúdo" é a força motriz de sua popularidade. Simplificando, as pessoas podem estar procurando por uma música agradável neste período terrível de pandemia. De acordo com o que Ian Kirkpatrick, produtor da música "Don't Start Now" da Dua Lipa, revelou a Nylon, antes de fazer sua música de sucesso, ele viu com suas colaboradoras, Caroline Ailin e Emily Warren, um grupo de convidados (claro, pessoas brancas) em camisas xadrez em um bar em um subúrbio americano dançando "YMCA". Eles confessaram não ter uma visão prévia para o disco - o que não é falar de humildade, mas sim, a confiança de artistas pop que lançam um olhar livre de preconceitos para as chamadas da época. Agora é hora de discoteca.
Não há como dizer o quão intencional o estilo disco da Big Hit é, exceto para dizer que sua diversão vívida tem um significado muito mais fresco e rico do que o antigo K-POP. Esse estilo disco remonta à noite de 30 anos atrás, quando “homens brancos” incendiaram o disco para recuperar o seu domínio.
Você pode conferir a matéria original aqui.
Fonte: Weverse Magazine
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