top of page

20. Os Familiares

Judi piscou, encarando, sem acreditar, o dado que se transformou em cinzas.

“Eu sinto muito, Judi”, Viken se desculpou timidamente. “Parece que grãos de cacau processados destroem dados também.”

“Você está bem, Judi?” Eugene perguntou, enquanto colocava uma mão no ombro da garotinha.

Soule se aproximou e pegou a mão de Judi quando os olhos dela começaram a se encher com lágrimas. A criança estremeceu, enquanto olhava para as cinzas que tinham caído no chão.

“O tesouro da seita…” Judi murmurou, à medida que lágrimas começavam a escorrer pelo seu rosto.

O Star One não sabia o que fazer.

“Waaah!” Judi chorou, “Eu não quero ficar com problemas!”

“B-bem, diga a eles que fomos nós que fizemos isso,” Avys disse, enquanto acariciava as costas dela.

Parecia que consequências terríveis esperavam por ela, se eles contassem a verdade. Judi parou de chorar tanto, quando ouviu as palavras de Avys. Os membros trocaram olhares uns com os outros, antes de continuarem a consolá-la.

“Nós prometemos contar a eles que fomos nós que fizemos isso, Judi. Você não vai ficar com problemas assim.”

“Verdade. O nome dele é Lord, certo? Nós vamos dizer a ele que você não fez nada de errado.”

“Isso, Judi.”

Soule, Taho e Viken, um por um, a acalmaram e lhe deram um abraço. A garotinha esfregou seus olhos e desabou no sofá, após eles acabarem. Ela parecia exausta. Viken olhou ao redor atrás de uma solução, então tirou algo da sua bolsa.

“Você deve estar com sede de tanto chorar”, ele reparou. “Aqui, experimente isso. É bom.”

Viken abriu a tampa do leite de morango e colocou um canudo nele. Ele, então, o levou até a boca de Judi, ainda fungando. Judi bebeu todo o leite pelo canudo.

Taho levantou o assunto do dado quando ela pareceu se acalmar.
“Judi, você tem um dado extra?” ele perguntou.

“Não, não tenho,” ela retrucou, “Como eu disse, é um item raro. Vocês, os Garotos do Destino, não serão capazes de ir a lugar nenhum sem ele.”

“Espera aí,” Eugene disse repentinamente, “Soule, você tem um dado, não tem?”

“Ah, sim. Parece similar, mas acho que é de uma cor diferente.”

Soule tirou o dado do seu bolso. Ainda estava brilhando elegantemente.

Judi piscou, assim que ela olhou para o dado.

“Espera. Eu posso dar uma olhada?” ela disse.

Judi fechou os seus olhos, ao segurar o dado em sua mão.

Depois de um momento, Judi abriu seus olhos novamente. Ela encarou o dado, deslumbrada.

“Esse aqui tem poderes mágicos,” ela comentou.

“Ah, sério? Você sabe algo sobre isso, Soule?” o membro mais novo perguntou.

“Uh, não,” Soule replicou, “Quer dizer, é apenas algo que eu carrego no meu bolso…”

Eugene lhe lançou um olhar.

“Você disse que te resgatou de um pesadelo e até apareceu na vida real,” ele disse firmemente, “e, quando você perdeu, ele voltou pra você. Isso significa algo pra você, não significa?”

“Sim, significa.” Soule assentiu. “Mas não quer dizer que tenha algum superpoder extravagante, como teletransporte ou algo…”

Judi interrompeu Soule imediatamente. “Eu consigo sentir o poder crescendo mais forte. Com um pouco de aprimoramento, até teletransporte deve ser possível!”

Enquanto Soule foi pego desprevenido pela revelação, Eugene fez uma sugestão. “Nesse caso, por que a gente não experimenta com esse aqui?”

Judi hesitou, enquanto segurava o dado em suas mãos.

“Mas, hum… E se ele levar vocês para algum lugar ruim?”

“Está tudo bem.” Taho a tranquilizou. “Você vai ficar com problemas se dissermos a eles que o dado se foi.”

Judi recuou e hesitou por outro segundo.

Ela, então, disse, “Então, eu vou trabalhar na fórmula mágica enquanto vocês tomam as suas sopas.”

“Ufa, ok.” Soule soltou um suspiro de alívio. “Você poderia nos dar as roupas também?” ele perguntou. “Nós não temos muito tempo.”

Judi agiu imediatamente, diante do pedido dele.

“V-vocês podem tomar a sopa enquanto esperam! Eu vou trazer as roupas imediatamente.”


•••

Depois de prenderem a respiração e praticamente tomarem a sopa, Star One se trocou e parou em um círculo no meio da sala de estar.

“Felizmente, eu sou capaz de conjurar um feitiço de teletransporte,” Judi disse, em uma voz levemente trêmula. “Eu não tenho certeza se isso pode levar vocês ao destino, mas… Fiquem em cima do tapete para mim, por favor.”

Taho olhou curiosamente para o piso. Havia um círculo mágico fraco no tapete claro.

“Eu vou mostrar a vocês como teletransportar várias pessoas com o dado,” Judi continuou. “Quem gostaria de jogar o dado?”

Soule imediatamente deu um passo adiante. “Eu faço isso.”

“Tudo bem. Agora, o restante de vocês vai segurar o braço do Soule. Garantam que vocês estejam tocando a pele dele, não as roupas.”

Diante da orientação de Judi, Soule dobrou suas mangas para que sua pele ficasse à mostra. Os outros quatro seguraram o braço dele.

“Vocês vão se teletransportar quando o Soule jogar o dado no ar e segurá-lo,” Judi explicou. “Vocês vão ter que fazer o mesmo para voltar.”

As instruções dela soaram fáceis e difíceis ao mesmo tempo. Soule assentiu, então jogou o dado cor menta no ar e o pegou.

Star One o assistiu de perto. Eles estavam todos curiosos para ver o que aconteceria a seguir.

Entretanto, nada aconteceu.

Os membros olharam para Judi com confusão escrita por todos os seus rostos. No momento em que eles estavam prestes a perguntar se deveriam tentar novamente, os membros flutuaram no ar. Os arredores deles ficaram completamente escuros, à medida que uma rajada forte de vento atingia os seus rostos.

Aconteceu tão rápido que eles não conseguiram nem gritar. Os garotos tiveram dificuldade para manter seus olhos abertos, enquanto seus cabelos continuavam caindo em frente aos seus rostos.

Os arredores deles ficaram mais brilhantes e brilhantes, enquanto seguravam o braço de Soule. Só então, o vento parou subitamente.

Os membros estavam de pé no solo novamente. Dessa vez, eles estavam no meio de um anfiteatro que era cercado por uma parede semelhante ao Coliseu. Eles não sabiam se aquele era o destino intencionado, mas o espaço deslumbrante parecia sugerir que estavam no lugar certo.

Só então, um homem em uma capa cinza caminhou até eles, vindo da entrada.

Ele parou bem em frente ao Star One, no meio do anfiteatro.

Ele segurou o seu bastão paralelo ao chão, enquanto se curvava educadamente.

“É um prazer conhecê-los,” ele começou. “Eu estarei lhes ensinando habilidades mágicas básicas.”

O homem, então, tirou o seu capuz e olhou para cada um dos membros. Sua pele pálida e monóculo o faziam parecer frio e rabugento.

Quando o homem gesticulou com sua mão no ar, algumas cadeiras de madeira voaram pelo estádio e aterrissaram próximas a eles.

“Vamos começar imediatamente. Eu presumo que vocês não tiveram tempo para aprender e praticar as suas magias em um período tão curto de tempo.”

“Sim! Nós não temos ideia do que estamos fazendo,” Taho gritou, exalando seu entusiasmo pelo aprendizado como sempre.

“Como essa é a nossa primeira sessão, vamos começar com as coisas mais importantes, mas básicas”, o homem disse.
“Magia… o que é isso, exatamente? Isso pode fazer qualquer coisa, como também pode fazer nada. É o resultado tanto do talento inato e do trabalho duro. Eu sei que é um tanto irônico.”

Os membros ponderaram sobre suas palavras abstratas.

Ele, então, olhou para os membros e disse, “Aqui vai um questionário rápido. O que você tem que fazer para melhorar seus poderes mágicos? Sim, você, o cavalheiro da esquerda.”

“Trabalho duro?” Eugene perguntou.

“Bom ponto. É verdade que vocês precisam trabalhar duro. Entretanto, isso não é o suficiente. O que você acha, o cavalheiro à minha direita?”

Taho pensou sobre por um segundo, antes de dar um palpite. “Determinação?”

“Uau,” o homem exclamou. Ele parecia impressionado.

“Você começou bem.” Ele sorriu. “Sim, determinação também é necessária. Se você adicionar um coração desesperado a isso, sua magia se torna ainda mais poderosa. Ela geralmente se manifesta através de um compromisso. Mas há mais uma coisa. Eu vou apenas lhes contar isso, ainda que não seja comumente usado hoje em dia…”

O homem pausou por um momento, antes de continuar.

“Vocês também podem obtê-la por transferência de outro alguém.”

Essa foi completamente inesperada. Os garotos nunca tinham pensado que a magia era transferível.

“No entanto, esse método é obsoleto,” o homem adicionou. “Enquanto lendas anciãs contam histórias sobre isso, ninguém sabe exatamente como isso acontece.”

O homem arregalou seus olhos, como se tivesse acabado de se dar conta de algo.

“Por sinal, eu ouvi dizer que um de vocês é um conjurador. Quem é?

Avys ergueu a sua mão. “Sou eu.”

“Você tem uma habilidade rara. Você pode usar a sua determinação para conjurar uma criatura mais forte. Quanto mais determinado e mais específico você for, mais chances você tem de ter sucesso.”

As palavras dele eram confusas. Como você deveria ser específico sobre algo que você nunca viu? Todos estavam intrigados.
Avys falou naquele momento. “Eu acho que sei o que você quer dizer. Eu desejei avidamente que uma criatura mais forte aparecesse quando estávamos sendo atacados da última vez e funcionou.”

“Não é de se surpreender que os Garotos do Destino tenham uma ótima intuição,” o homem respondeu. “Que tal você levar isso para um degrau maior? Tente conjurar uma criatura que combine com cada um de vocês.”

Depois que o homem terminou de falar, Avys olhou para o restante dos membros.

“Esse treinamento é sobre adicionar imagens,” o homem explicou.

“Hum…” Avys fechou os seus olhos.

Depois de se concentrar por alguns momentos, um corpo branco de luz se formou em volta dele. A luz estava concentrada em um lugar, antes de expandir rapidamente.

Quando a luz desapareceu, as criaturas conjuradas se revelaram.

Cinco criaturas pequenas e de olhos arregalados, que tinham um pouco mais de meio metro de altura, estavam paradas diante deles.

“Oh, elas são fofas. Como é possível que elas sejam tão adoráveis?” Viken sorriu.

Avys afundou na cadeira, exausto por ter conjurado cinco criaturas simultaneamente.

Ele murmurou, “Eu tentei visualizar imagens que pareciam com cada um de vocês.”

As criaturas começaram a se mover, à medida que se sentiam confortáveis com seus arredores.

“Você deveria nos dizer qual é qual!” Taho exclamou.

Entretanto, elas acharam os seus respectivos donos rapidamente. Um pássaro com penas brancas e verdes voou para os braços de Avys, como se estivesse se aconchegando em sua mãe.

“Tentem adivinhar,” ele disse aos membros.

Viken assentiu vigorosamente com a cabeça. Ele, então, levantou uma criatura cujo corpo parecia com uma abóbora e o rosto era semelhante ao de um urso. Mas dentes afiados se revelaram próximos à sua parte traseira. Vilken segurou o urso em seu ombro. O urso ronronou, como se sugerindo que tinha achado o seu dono.

“Você achou, Viken! Essa é a sua.”

Animado, o urso começou a roer o cabelo de Viken.

“Ai, ei!” ele gritou. “Não coma meu cabelo!”

“É uma Abóbora Devoradora,” o homem explicou enquanto assistia, ignorando completamente a reação dramática de Viken.

“Ela é conhecida por ser indiferente, mas está sendo muito amigável agora.” ele adicionou. “Apesar de parecer fofa, você deve ser cuidadoso. Criaturas conjuradas levam tempo para se abrirem.”

Soule ajudou a afastar o urso de Viken, enquanto olhava para o homem.

“Assim que vocês se abrirem para elas e as conhecerem, elas serão suas leais parceiras de batalha. Então, tentem fazê-las ficarem do lado de vocês.”

Quando o homem terminou, Soule encontrou um coelho olhando inocentemente para ele, próximo ao seu pé.

5a2206565657180fbcd117f047238f04.jpg
5a2206565657180fbcd117f047238f04.jpg
bottom of page