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61. A Dúvida Começa

Um zumbido estridente atingiu seus ouvidos. Taho folheava o livro de feitiços e anotava as coisas novamente. Seu rosto ficou pálido. Ele estava procurando provas de que sua interpretação estava errada. No entanto, nenhuma dica refutou o destino trágico.

Suas mãos tremiam. Taho deixou sua mesa bagunçada e foi para a sala, onde estavam seus companheiros de banda. Cada passo parecia pesado. Os membros olharam para ele quando ele saiu da sala parecendo aterrorizado. Taho olhou para cada um de seus companheiros de banda.

Eugene ainda estava deitado no sofá, mal conseguindo se sentar sozinho. Viken estava organizando as poções sobre a mesa. Avys estava fazendo carinho no Tawaki, enquanto Soule deu a Taho um olhar preocupado.

“E-eu… acho que decifrei o livro de feitiços”, Taho gaguejou, olhando para cada membro.

“Sério?!”, Avys se levantou.

“Isso é incrível! O que diz?”, Viken perguntou.

“É sobre… nosso futuro”, respondeu Taho.

Soule se encolheu e ergueu a cabeça surpreso. Poderia estar relacionado com seus pesadelos também? Ele estava ciente do significado do livro de feitiços que Taho trabalhou duro para interpretar, mas não esperava que contivesse tais detalhes.

Taho continuou. “Vocês lembram do que a estranha cartomante nos disse na Ilha Mágica? Ela disse que cada um de nós tinha um nome verdadeiro.”

Todos vasculharam suas memórias. Embora muita coisa tenha acontecido, a experiência única deixou uma marca clara.

“Ela disse que seu nome verdadeiro pode lhe dar uma dica sobre sua vida predestinada”, acrescentou Taho. “O livro de feitiços ajuda você a aprender mais sobre os personagens sobre os quais a cartomante nos contou.”

Sua voz tremeu ligeiramente. Ele tinha que dar a notícia a eles. “Se o nome verdadeiro realmente nos dá dicas sobre o nosso futuro… estamos todos destinados a enfrentar uma morte trágica.”

Viken deixou cair a garrafinha de poção que estava separando.

Tunk.

A garrafinha de vidro caiu e rolou no chão.

Soule não achou a notícia tão surpreendente quanto pensara. Parecia o mesmo final que ele sempre vira em seus pesadelos.

“Isso é estranho. Eles disseram que vamos ajudar o Dragão, que purificaria o mal nesse mundo. Mas por que enfrentaremos mortes trágicas?”

Ninguém poderia responder à pergunta de Avys. Um longo silêncio pairou na sala.

Viken sussurrou: “Você acha que a Seita do Dragão sabe disso? Que morreríamos em um final trágico mesmo se ajudarmos o Dragão?”

Se fosse esse o caso, por que não contaram aos meninos? O que eles estavam tentando esconder? Perguntas levaram a mais perguntas. Eles não puderam tirar nenhuma conclusão em meio às circunstâncias complexas. Soule sabia instintivamente que a Seita do Dragão sabia disso.

O silêncio continuou como se os outros membros tivessem o mesmo palpite. Ninguém poderia quebrar o silêncio. Horas se passaram enquanto eles pensavam. Quando eles levantaram a cabeça, o dia havia amanhecido.



•••



Soule esfregou os olhos. Seus olhos estavam secos por ter ficado acordado a noite toda pensando. As dúvidas começaram a crescer como uma bola de neve. Comentários feitos pela Seita do Dragão, que ele havia descartado na época, voltaram para ele como dicas. Soule estreitou os olhos e olhou para a contraparte à sua frente.

“Habilidades básicas de arco e flecha são importantes, mas ficarão mais fortes à medida que você despertar sua magia de possessão”, disse o Treinador. Soule ouviu essa fala tantas vezes que previu a próxima linha: “A magia de possessão pode servir apenas a você. Por que vocês não estão dominando isso ainda mais?”

Ele também previu a próxima observação: “É muito irresponsável da parte de vocês.”

Soule soltou um longo suspiro enquanto atirava a próxima flecha. Ele então fez a mesma pergunta que havia feito várias vezes antes. “Senhor Treinador.”

Soule relembrou o sonho misterioso e a interpretação mágica de Taho. Cada parte de seus instintos estava dizendo a ele que tudo que a Seita do Dragão lhe disse para fazer – incluindo a magia de possessão – era perigoso.

“Você disse que eu tenho o poder dos elfos, Treinador. Deve ser por isso que sou um bom arqueiro. Mas os elfos também não têm o poder de previr?”

O Treinador ajustou seu monóculo, algo que fazia quando estava nervoso. “Acho que sim. Por quê?”

“Acho que todas as minhas previsões estão me dizendo para não usar a magia. Deixe-me perguntar novamente, você tem certeza que a magia é inofensiva?”

Soule não tinha grandes esperanças quando fez a pergunta. Ele sabia exatamente como o treinador responderia: “Não sei por que você está fazendo uma pergunta tão óbvia. Você não quer ficar mais forte?”

Soule suspirou novamente. Ele não se preocupou em perguntar mais. O Treinador o deixou como se quisesse encerrar a conversa.

O Treinador foi até Avys, que invocou uma harpia gigante.

A harpia, o familiar mais forte de Avys, voou e esmagou uma estrutura de metal duro.

Avys acenou com as mãos para o familiar para mostrar apreço por ouvir ele.

“Caaah!”, a harpia gritou, abrindo seu bico ameaçador. Avys sabia que estava de bom humor, embora seu grito soasse com raiva.

O Treinador disse a Avys: “Recomendo que você o torne mais destrutivo e agressivo.”

Avys franziu a testa, mas o Treinador continuou. “A harpia pode ficar mais forte. O que você vê agora é brincadeira de criança. Você pode fazer isso, não pode? Orniths são tribos nobres. É realmente um milagre que um familiar seja tão leal ao seu dono.”

Um dono?

Avys nunca se considerou dono de seus familiares; eles eram seus amigos especiais. Na verdade, ele se sentia desconfortável pedindo ajuda aos familiares e causando-lhes ferimentos toda vez que o Clã Matador de Dragões invadia. Por exemplo, as asas da harpia sofreram uma queimadura e vários arranhões. Ele preferia não envolvê-los em batalhas. No entanto, os familiares sempre deram tudo de si nas batalhas sempre que invocados e mostraram um amor incondicional ao Avys.

Avys novamente olhou para a harpia, um familiar poderoso com um grito intimidador e garras afiadas. No entanto, tanto o grito quanto as garras eram necessários para caçar comida, não para ajudar nas batalhas de Avys.

“Não quero que meus amigos se machuquem”, disse ele.

“O quê? Por que você não usaria os familiares que estão mais do que dispostos a lutar por você? Eles estão felizes em lutar em seu nome”, o Treinador ficou animado. “Você tem alguma ideia de quão especial é esse poder? Você, você tem alguma ideia de quão notável é o talento que você tem?! A Seita perdeu completamente o poder, então nos esforçamos incrivelmente para recuperá-los. Nós fizemos muitos testes em vão. Os familiares nunca se subordinam aos humanos. Eles nunca mudam de ideia, não importa o quanto tentemos colocá-los na linha.”

O Treinador olhou para a harpia com admiração. Ele mudou seu tom determinado para um de reverência. “Mas você tornou tudo isso realidade. Você é uma pessoa especial, um descendente dos grandes Orniths. Por favor, reine sobre os familiares e controle-os como uma extensão de si mesmo.”

Avys fez uma careta. O homem parecia extremamente arrogante. Avys tinha visto mais do que algumas pessoas que tinham manipulado os outros dessa maneira. Em seus dias sem magia, as bandas que usavam magia e outros staffs o desprezavam. Eles tinham tanta certeza de que apenas os idols com magia eram os escolhidos e achavam aceitável deixar os outros para trás.

Ele relembrou as memórias dolorosas.

Como a Seita do Dragão é diferente deles? Eles justificam oprimir e tirar vantagem dos familiares porque são pessoas boas que salvariam o mundo?

Avys olhou para o Treinador, que desviou o olhar e ajustou seu monóculo, sorrindo com o canto de seus lábios.

Avys abriu a boca para dizer algo, mas o Treinador não esperou por ele. “Seja paciente, só um pouco mais paciente, com a magia de possessão.” Ele então se virou para olhar para Taho.

Avys balançou a cabeça. A harpia se aproximou e deu um tapinha em sua cabeça com o bico, como se tivesse lido sua mente.

Taho fingiu praticar até que o Treinador se aproximasse. “Eu tenho uma pergunta,” ele disse casualmente. “Você sempre nos diz que a magia de possessão é especial. Além disso, ter magia é especial em si, certo? Eles sempre falam sobre os ‘escolhidos’.”

“Sim, obviamente”, respondeu o Treinador. “A magia não está disponível para todos. Somente as pessoas escolhidas podem usá-la.”

“Nesse caso, o Clã Matador de Dragões deve ser especial também. Eles usam magia também”, Taho comentou enquanto avaliava a reação do Treinador.

O Treinador ficou furioso, sem surpresa. “Como você pode nos comparar com aqueles miseráveis?!”, ele gritou, agarrando o pulso de Taho. “Nós e vocês, os Garotos do Destino, estamos em uma liga completamente diferente. Somos os descendentes do Dragão!”

O aperto em seu pulso foi tão forte que suas unhas cravaram em sua pele. Taho apenas olhou para o Treinador como se a dor não o incomodasse. Os outros membros foram até ele para o parar, mas o Treinador suspirou e o soltou agressivamente.

Taho imaginou que esse era o lado verdadeiro do Treinador, não a bajulação que ele ofereceria regularmente ao Star One. A Seita do Dragão sempre foi assim – elogiar bastante aqueles com poderes nobres e abandoná-los assim que forem considerados inúteis.

Eles ouviram um boneco cair naquele momento. Taho olhou para Eugene, que estava praticando.

Ultimamente, Eugene raramente falava. Mesmo agora, ele apenas derrubou os bonecos com magia de possessão sem dizer uma palavra. Ele fixou seu olhar intimidador nos bonecos.

Taho abriu a boca para dizer algo, mas decidiu não fazer isso.



•••



“Uau…”, Viken suspirou, olhando para o reagente que acabara de terminar. Talvez uma mente distraída também tenha afetado a preparação do remédio, ele misturou os ingredientes errados no meio do caminho.

Ele pegou o frasco e cheirou o reagente. Sua habilidade recém-adquirida permitiu que ele adivinhasse os efeitos de uma droga sem testá-los; cheirar bastava.

“Huh? Acabei fazendo algo estranho”, ele percebeu assim que sentiu o cheiro, que a droga removia as memórias de alguém.

“Onde eu possivelmente usaria isso? Não trata feridas nem nada”, Viken considerou jogar fora o remédio, mas então balançou a cabeça. “Eu deveria guardar, por precaução.” Ele fechou a tampa da garrafa e colocou no bolso.

Estava escurecendo lá fora.

Eu deveria sair agora para pegar comida para Judi e Chang.

Poucos membros da Seita do Dragão estavam patrulhando a essa hora. Viken pegou a mochila cheia de comida e abriu a porta, em seguida caminhou pelo corredor como se tudo estivesse normal.

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