72. O Grande Mago
Quem era esse homem, cuja presença influenciou o Star One desde a infância até o presente?
"A coragem de vocês é elogiada", disse o astrólogo. "Eu desejo sorte a vocês."
As crianças assentiram com um sorriso. O astrólogo levantou o braço novamente e quatro livros giraram e voaram até ele. Soule olhou para os livros.
Os livros ressoaram naquele momento, criando uma leve melodia. Por mais bonito que fosse, o som era quase inaudível. Desaparecia quando Soule prestava atenção. As notas se dispersaram quando ele tentou cantarolar junto.
Ao contrário dele, as crianças, fortalecidas pelo círculo mágico, cantavam junto com facilidade. O jovem Avys cantou primeiro e as outras crianças acompanharam sem dificuldade. Suas vozes claras ecoaram por toda a tenda.
O dragão abriu as asas assim que ouviu as vozes dos meninos. A fraca melodia ficou mais alta, ressoando no espaço.
O teto se estilhaçou naquele momento. O globo de neve estava quebrando. As imagens das crianças tornaram-se distantes.
Mas o astrólogo permaneceu visível. "A razão pela qual vocês, meninos, são cantores", disse ele, "e não guerreiros, magos, estudiosos ou artesãos é...
O teto se despedaçou completamente. Soule olhou fixamente para ele. As crianças se foram há muito tempo, deixando apenas os quatro livros e a misteriosa melodia para trás.
O astrólogo olhou diretamente para Soule como se pudesse ver ele claramente. A mente de Soule ficou à deriva em meio ao teto quebrado e à melodia fraca.
Tentando manter o foco, Soule encarou o astrólogo. Ele tinha que descobrir quem era esse homem.
O homem se aproximou lentamente de Soule. "Os anseios vão contra a corrente do destino e convidam a milagres", disse ele. "Nada é impossível", ele tirou o capuz com um sorriso gentil.
Quando viu seu rosto, Soule não conseguiu dizer uma palavra. Seu rosto parecia familiar. Ele havia confiado muito nessa pessoa em tempos de aflição. "DK...", Soule murmurou.
No entanto, DK parecia diferente do que quando é empresário. Com olhos brilhantes, ele disse a Soule: "Queridos meninos, vocês que resistem no mundo em ruínas. Me sinto afortunado por lhes dar a dica final em meio ao anseio do mundo."
Sua voz familiar mudava com cada palavra que ele pronunciava. Soule percebeu que essa voz suave e melódica era a voz real de DK.
"Sou um grande mago, um antigo colega de vocês", acrescentou DK. "Gostaria de poder explicar em detalhes, mas receio que não temos tempo suficiente, meus queridos meninos."
A pessoa familiar, mas estranha, deu um sorriso feliz. "Encontrem a Canção da Estrela que dei a vocês quando eram mais jovens, quando vocês eram os mais puros. Só isso pode parar o apocalipse."
Os quatro livros ressoaram como se entendessem suas palavras. A melodia, desaparecendo, continuou. Os belos tons fizeram Soule querer que continuassem. Seria essa a Canção da Estrela? Ele ficou encantado com a melodia. O empresário, ou o grande mago, sorriu levemente para Soule.
Soule voltou à realidade naquele momento. Ele tinha muitas perguntas para o grande mago. Ele correu até o mago e segurou seu manto. O mago ficou um pouco surpreso com seu comportamento.
"DK! Quem é você, realmente? Me fala quem você realmente é!", Soule exclamou.
O grande mago não disse uma palavra, apenas segurou gentilmente a mão de Soule para tranquilizar ele. Mas nenhum calor corporal perpassou pelo toque físico, como se tivesse tocado um fantasma. Foi quando Soule percebeu que o homem diante dele estava desaparecendo.
"Está tudo bem, Soule", disse o homem.
"DK!"
"Desculpa. Eu preparei muitas coisas, mas ainda fico muito desse lado. Me desculpe por não ter contado até agora. Eu gostaria de ter lhe dado os detalhes antes, mas a inércia do destino e as causalidades do mundo me impediram de fazer isso."
O grande mago apontou para o pulso de Soule. Foi quando ele notou um círculo mágico no relógio inteligente que usava todos os dias. Esse também foi um presente de DK. Talvez tenha sido intencionalmente colocado lá com antecedência.
O homem desapareceu gradualmente. "Meu tempo acabou, meus queridos meninos", disse ele.
Soule balançou a cabeça. Ele queria impedir que o grande mago desaparecesse. Embora ele não soubesse exatamente quem ele era, estava triste em ver ele partir.
No entanto, seu desejo não se tornou realidade. Nenhum vestígio do grande mago foi deixado; ele havia desaparecido. Suas mãos segurando as de Soule desapareceram, assim como as densas energias mágicas ao seu redor.
Soule olhou para o pulso que havia sido segurado pelas mãos do grande mago.
Entre o espaço desaparecendo ecoou a voz do mago pela última vez. "Espero que tenha achado útil."
As palavras permaneceram como um desejo de morte. Soule esfregou o pulso. Quem era DK, realmente? Ele deve ter sido parente de alguém que lutou para salvar o mundo. Esse foi seu único palpite, pois esse homem foi a única pessoa que ajudou o Star One, permanecendo imparcial entre a Seita do Dragão e o Clã Matador de Dragões.
O mundo ficou mais obscuro. Os quatro livros desapareceram e as melodias cessaram. A escuridão caiu lentamente como ondas.
Soule piscou. Ele havia retornado ao corredor do estúdio de dança antes de perceber. Ele lentamente levantou a cabeça e encarou as pessoas no corredor. Apenas os membros do Star One e DK estavam lá.
"Ei, Soule," disse Viken, intrigado. "Você saiu do globo de neve e nós voltamos com você."
"Aconteceu alguma coisa lá dentro?", Eugene perguntou.
"Sim, eu explico depois", respondeu Soule.
Enquanto isso, DK parecia confuso. "Espera, onde é isso? O que está acontecendo? Por que estou aqui?!"
Ele não deve ser o DK que Soule conheceu. Soule lançou um olhar triste para a pessoa mudada. Apesar do caos, uma coisa estava clara: DK, o empresário, havia sumido.
Segurando as lágrimas, Soule apertou o dado e ficou surpreso. O dado quase não tinha mais calor. Eugene, sem saber o que havia acontecido, deu um tapinha no ombro do líder que parecia triste.
Soule assentiu. Ele entendeu que não tinha o luxo de lamentar a perda. Como DK havia dito, ele tinha que encontrar a Canção da Estrela.
•••
Ao voltar para o apartamento, Soule contou aos companheiros de banda o que havia acontecido. Todos ficaram surpresos ao saber que eles se conheceram quando crianças. Mas ninguém se lembrava de cantar juntos ou de qualquer coisa sobre a música.
Desde então, o Star One conversava entre si sempre que podia. Mas nenhuma discussão os ajudou a descobrir quem era DK ou o que era a Canção da Estrela.
Viken deitou a cabeça na mesa. "A propósito, sobre nossos livros", disse ele, "as pessoas que conhecemos em outros mundos devem ser realmente outras versões de nós mesmos."
Os outros quatro apenas se convenceram do que Soule sabia o tempo todo. O Star One relembrou seus outros 'eus' nos outros mundos. Seus gêmeos fizeram o possível para salvar seus respectivos mundos.
Soule quebrou o breve silêncio. "Acho que cada um de nós tomou decisões para seus respectivos mundos por meio do TRPG e deu uma olhada neles", ele juntou as mãos sobre a mesa. "Ah, certo. Vocês me viram no Starlight Festival através do globo de neve?"
Viken levantou a cabeça. "Sim", ele respondeu. "Não conseguimos ouvir você, mas você estava ocupado fazendo alguma coisa lá dentro. Eu senti como se estivesse assistindo a um filme em uma visão de aquário. Deve ser algum tipo de mágica. Eu também tive esse palpite no coliseu. Poderia ser uma espécie de magia espacial?"
"Eles disseram no coliseu que os deuses o fizeram", respondeu Soule. "DK era um deus, então?"
Taho balançou a cabeça. "Acho que um deus teria sido mais onisciente e onipotente. Mas sinto que ele se preparou muito. Isso é apenas um palpite, mas... não acho que éramos as únicas pessoas tentando salvar esse vasto mundo. Talvez o grande mago tenha aparecido e nos ajudado de maneiras importantes quando necessário? Ele pode estar fazendo isso de novo e de novo até que o mundo esteja completamente livre do apocalipse."
Os quatro membros, tirando Soule, relembraram as pessoas que conheceram nos outros mundos. As pessoas tragicamente desesperadas passaram por suas mentes.
Viken ficou mais triste ao pensar no mundo branco. "Podemos ter nos encontrado naquele mundo, muitas vezes", disse ele.
"Acho que sei por que nos chamaram de Garotos do Destino", disse Avys. "Talvez nós tentamos parar o apocalipse onde quer que estivéssemos."
Viken sorriu. "No entanto, éramos bastante poderosos nos outros mundos. Por que nos tornamos uma boyband mágica nessa vida?"
"Lembra o que o empresário que virou o grande mago nos disse?", Eugene disse enquanto pensava. "Ele disse que há uma razão pela qual somos cantores, e não guerreiros ou magos. Devemos ter nos tornado uma boy band por causa da Canção da Estrela."
O Star One pensou no Starlight Festival - uma memória de infância que eles haviam perdido. Talvez as causalidades do mundo tenham apagado as belas e mágicas memórias.
Soule olhou para cada companheiro de banda.
Certo.
Nunca foi por acaso que eles se conheceram. Talvez suas conexões fossem mais profundas que o destino.
"O que vocês acham que é a Canção da Estrela?", Soule perguntou novamente com toda a seriedade. Ele se lembrou da música que ouvira. Ele tentou cantar em voz alta, mas nada escapou de sua boca. Sua mente ficou em branco. A música exigia um meio específico.
Taho pegou o livro de feitiços. "Deve ser um canto mágico. Vou investigar o máximo que puder."
"Cara, ele poderia ter nos contado antes", reclamou Avys.
Soule soltou um suspiro. "Tenho certeza de que o grande mago também queria nos contar antes. Mas acho que tudo tem seu próprio tempo."
Eugene concordou. "Eu acho que você está certo", disse ele. "Também não conseguimos muita ajuda em outros mundos. Deve ter havido um tabu estabelecido."
Viken se sentou em uma cadeira e murmurou: "O que devemos fazer, então?"
Avys deu um tapinha na cabeça de Tawaki. "Esperar o mais pacientemente que pudermos, talvez? Você disse que tudo tem seu tempo."
O pequeno familiar bateu as asas no ombro de Avys.
"A incerteza nos deixa ansiosos, e tudo o que queremos é ousar parar o apocalipse", continuou ele. "Mas ficar ansioso não faz nada."
O Star One concordou com o argumento de Avys. Soule assentiu e respirou fundo. Isso deu a ele ainda mais motivos para fazer o que podia fazer no momento. Seus pensamentos voltaram à convicção inicial:
Eu preciso aprender sobre a Canção da Estrela.
Mas como? Soule continuou refletindo quando sentiu um formigamento estranho em seu pulso. Ele olhou para baixo para encontrar a cobra branca rastejando em sua manga. A cobra branca piscou lentamente como se quisesse tranquilizar o humano surpreso com o toque frio.
Ajudou. Tranquilizado, Soule sorriu e deu um tapinha na cabeça do sábio familiar de poucas palavras.