Weverse Magazine: TXT + Rock = “Good Boy Gone Bad”
- Central TXT Brasil
- 7 de jun. de 2022
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Como um grupo masculino de K-Pop faz uma reinterpretação do rock
Confira a tradução:

O menino está morto. Crianças que um dia sonharam com um romance de amor puro e lindo companheirismo pararam, mortos pelas frias e fortes luzes da realidade, e experimentaram o mundo adulto, se tornando perdedores no amor e sonham com uma fuga. Em um mundo caótico onde o próprio significado das palavras que eles disseram não foi ouvido, eles juntaram todas as suas forças, eles seguiram seus corações e fugiram, sonhando com uma doce liberdade. Mas o amor corta como uma faca e fez com que o mundo deles colapsasse em pedaços. Emoções suprimidas há muito tempo fluem escuras de um machucado profundo no coração e consomem o corpo inteiro. Agora é o momento em que eles “Ficaram Maus” [Gone Bad]. E por isso, novamente eles precisaram do poder do rock.
“Good Boy Gone Bad” mostra um novo lado do TOMORROW X TOGETHER — algo mais sombrio e mais provocativo. Os membros do grupo abandonam seu desesperado apego à salvação e às esperanças infecciosas em suas letras radicais. Pode soar ingenuamente juvenil, mas é uma descrição rigorosa de matar a si mesmo, alcançando dentro da concha vazia deixada para trás e puxar para fora uma nova pessoa. É um conflito frio e violento, mas tem algo elegante sobre isso. A música pega referências do Nu Metal* dos anos 2000, com uma batida de guitarra barulhenta dominando a música inteira, e uma camada de batidas de hip hop incessantes, mas ao escutar com atenção revela-se uma profundidade inesperada: a fusão de rock e K-pop — um processo que tem acontecido desde o começo da criação do K-pop.
Por esses tempos, quando alguém pensa no casamento entre K-pop e rock, eles pensam nos anos de 1990 — os últimos dias de glória do rock. A expansão do rock alternativo que começou com o Nirvana e outras bandas Grunge em Seattle rapidamente se elevou a uma reflexão do espírito de um tempo, capturando os sentimentos sombrios de uma geração jovem que cresceu no início dos anos 1990. Bandas do período se revoltaram contra a comercialização desenfreada que ocorria na cena do Rock tradicional, rejeitando o convencional e fervilhando com comoção, pânico e ódio para capturar as emoções mais obscuras da juventude. À medida que foi reinterpretada no Pós-Grunge e Nu Metal, a mania do underground* dominou a primeira metade da década — uma tendência global com laços estreitos com os primórdios do K-pop. Entra o lendário trio iniciado por Seo Taiji, anteriormente baixista da banda de Metal Sinawe, que mudou para sempre a cara da cultura popular coreana: Seo Taiji and Boys.
Rock tem um lugar profundo na música do Seo Taiji and Boys. A introdução para sua música de dança de Hip Hop “I Know” usa cortes precisos, camadas densas de padrões de cordas para imitar o som do dedilhado de uma guitarra, e batidas de guitarra Metal tocadas pelo próprio Seo Taiji, seguidas pelo rap. A música “You, In the Fantasy” também apresenta sons pesados de guitarra na ponte, e “Rock’N Roll Dance” une as letras do próprio Seo Taiji com uma versão Hip Hop de “Back In Black” do AC/DC, completada com guitarra por Shin Daechul. A devoção de Seo ao rock só tornou-se cada vez mais evidente com o tempo. Depois de monumentalmente fundir Heavy Metal, Hip Hop e música tradicional coreana em “Anyhow Song,” a música título do seu segundo álbum, o grupo então lançou Seo Taiji and Boys III em 1994 e Seo Taiji and Boys IV, o álbum final deles, no ano seguinte, sugerindo que o K-pop seguiria na direção do rock daí em diante.
Seo Taiji and Boys III é um importante álbum que conquistou para Seo Taiji o título de “presidente da cultura” e continha uma mensagem clara de crítica social e resistência contra a sociedade estabelecida. “Dreaming of Bal-Hae” enviou uma mensagem de paz e reunificação para a península coreana, estabelecendo firmemente a identidade deles como músicos em um grupo idol maduro e socialmente consciente, e “Classroom Idea” criticou severamente o sistema educacional daquele período e o problema das cram schools*. Uma vez impotente para falar sobre os árduos exames para entrada nas universidades e uma atmosfera de conservadorismo social, adolescentes estavam tornando-se confiantes de que eles poderiam mudar o mundo com o suporte dessas super estrelas contra as cram schools. Embora a música tenha contado com a participação do vocalista da banda de Heavy Metal, Crash, Ahn Heung-Chan, e era uma música de muito rock, a geração mais jovem deu a ela todo o seu apoio. Outro momento crítico para os adolescentes veio na forma da música “Come Back Home,” uma música altamente influenciada por Rap Gangsta e Hip Hop Hardcore que serviu como música título para o quarto álbum do grupo. Adolescentes que fugiram de suas casas retornaram após escutarem a música, sonhando com formas mais maduras de resistência, enquanto o fandom inabalável do Seo Taiji organizou um protesto contra a decisão do Comitê de Ética de Performances Públicas da Coreia de censurar as letras contra a ordem estabelecida da música “Regret of the Times”— a qual era uma crítica à geração mais velha e acabou entrando no álbum apenas como instrumental — e a lei que permitia a censura de músicas antes de seus lançamentos foi revisada como resultado.
A chegada do Seo Taiji and Boys inaugurou a cultura idol. Grupos compostos de artistas que passaram por treinamentos extensos, gerenciados em um nível por companhias, com ciclos distintos de comeback e promoções: essas eram as características que distinguiam os idols dos cantores existentes e que eram usadas para alcançar adolescentes como seus consumidores principais. Não é apenas esse formato, mas o próprio estilo musical em si que ainda ecoa a inovação do Seo Taiji and Boys. O grupo masculino da SM Entertainment, H.O.T., fez da sua música de debut, “Descent of Warriors,” um protesto contra a violência nas escolas, apresentando influência de “Come Back Home,” enquanto a sua concorrência, SECHSKIES, também entrou o mundo da música pop com “Rise Up,” uma crítica aos exames de entrada na universidade e à educação pública. No mundo da música idol, o rock era o sabor central que atraia o apoio dos adolescentes e alimentava sua resistência do final dos anos 1990 até o início e meio dos anos 2000 com seu híbrido de Dance, Hip Hop e Eletrônica.
Vamos voltar para o TOMORROW X TOGETHER. Não é coincidência que muitas pessoas são lembradas do passado do K-pop e sua experimentação com o rock quando elas escutam “Good Boy Gone Bad.” Na verdade, o último trabalho do grupo usando a polinização-cruzada-de-K-pop–rock foi antecedido por “0X1=LOVESONG (I Know I Love You)” feat. Seori e “LO$ER=LO♡ER” no ano passado, as quais iniciaram essa tendência. A parte mais importante não é a escolha do gênero em si, mas a emoção que pode ser extraída dele. A série “The Chaos Chapter” viu o TOMORROW X TOGETHER cantando sobre a fragilidade da juventude, perdendo a confiança pela primeira vez em face da realidade e sendo deixado para vagar. O grupo precisou da voz do rock para expressar a ansiedade coletiva da Geração Z, a autodepreciação e a incapacidade de ser honestos sobre suas dores, e emprestou elementos do rock alternativo dos anos 1990, Hardcore, Pop Punk e Emo, todos os quais compartilham sentimentos similares. Isso está alinhado com o reavivamento do rock nos anos 2020 entre a Geração Z globalmente durante a pandemia. Da mesma forma, o som do rock que eles amam não soa como as bandas de rock tradicional, mas ao invés disso foi refinado e combinado com outros gêneros.
Os primeiros grupos que vem à mente depois de ouvir “Good Boy Gone Bad” são Seo Taiji and Boys, H.O.T., SECHSKIES, TVXQ e, para um exemplo mais recente, BTS. As características predominantes são a progressão como sugerem as músicas de dança de Hip Hop dos anos 1990, a melodia refinada e o coro contagiante. O que é interessante é a forma que o TOMORROW X TOGETHER usa o rock e o passado. Vestidos com ternos e jaquetas de couro, os membros parecem enfatizar o coração obscurecido da era das bandas Emo dos anos 2000, mas a música Dance-Pop, com seu elegante estilo Hip Hop Rock, emprestaria melhor a moda Hip Hop dos anos 1990. Os vocais são diferentes, também. Os membros costumavam a cantar animadamente em suas outras músicas de rock, mas enfatizam o apelo em suas vozes em torno do sentimento distinto de sua nova música e enfatizam a confiança apesar da vulnerabilidade. A mudança radical da emoção no rap de Yeonjun, os vocais fluidos de Soobin e de Beomgyu e o desempenho destacado de Taehyun e de Huening Kai, tudo se combina efetivamente. Elementos que dificilmente pareceriam apropriados um para o outro se unem em perfeita harmonia e criam um espaço onde ansiedade e consciência podem coexistir. E conforme essas características começam a formar uma mensagem clara, o TOMORROW X TOGETHER continua com a sua narrativa sobre crescer através da música de rock.
É inquestionável o quão interessante é ver as misturas recentes de K-pop e rock alcançando para além das bandas internacionais de rock e tendências e voltando para as próprias origens do K-pop nos anos de 1990. Enquanto o TOMORROW X TOGETHER usou o rock como um meio para abranger a sua raiva na série “The Chaos Chapter”, eles agora mudaram dramaticamente, sorrindo cinicamente para o mundo com o som de rock de “Good Boy Gone Bad.” O que eles estão buscando é menos como Machine Gun Kelly, Olivia Rodrigo, Willow ou Yungblud e mais como Seo Taiji and Boys, H.O.T., SECHSKIES, TVXQ e SHINHWA. É como se o reavivamento do rock estivesse despertando o mesmo sentimento que estava presente nos primórdios do K-pop. Para o TOMORROW X TOGETHER, seus fãs e entusiastas de música igualmente, “Good Boy Gone Bad” contém muito significado e dá a eles muito para falar sobre. É um coração obscurecido com muito significado.
Você pode conferir a matéria original aqui.
Fonte: Weverse Magazine
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